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Nossa História

HISTÓRICO DA FAZENDA CRESCIUMAL E A TRADICIONAL FESTA FOLCLÓRICA DAS

MÁSCARAS

 

A Fazenda Cresciumal foi adquirida pelo Barão de Souza Queiroz em 1840, que era
uma concessão de sesmaria do Império. Ela tinha 2.200 alqueires, entre os municípios
de Araras e Pirassununga-SP.


Cresciumal é o nome de uma taquarinha, da família dos bambus, cuja presença em
determinada área é considerada como comprovação que a terra é boa.
Realmente a fazenda tinha 1200 alqueires em terra roxa bem estruturada. A terra roxa
é vermelha, na realidade, mas chamada de” rossa”, isto é, vermelha, pelos colonos
italianos e, a palavra foi abrasileirada para roxa.
O início dos trabalhos na fazenda Cresciumal foi a construção de um pequeno engenho
de açúcar para suprir as necessidades e, depois de desmatada a área, plantou-se 600
mil pés de café.


A rubiácea era adubada com estrume de 2.000 cabeças de gado, da raça caracu, criado
na fazenda e que toda tarde, era recolhido nos ranchos, para facilitar a coleta do
adubo orgânico. O Barão abriu por conta própria uma estrada ligando a cidade de
Limeira ao Cresciumal, que foi chamada de estrada “São Jerônimo”, nome de outra
fazenda do barão, em Limeira.


Perto da fazenda o Barão de Souza Queiroz, abolicionista, vendeu lotes no atual
“bairro dos alemães” para imigrantes, pretendendo se valer dessa mão de obra
durante a safra de café. Mais tarde o governo brasileiro promoveu a vinda de colonos
italianos, que se fixaram dentro da própria fazenda.


Na década dos anos de 1960 a fazenda voltou à sua vocação original. Em 1964 foi
montada a usina de açúcar e no ano seguinte José de Souza Queiroz Filho e Ruy de
Souza Queiroz industrializaram a primeira safra. A usina chegou a produzir mais de 1,2
milhão de sacas de açúcar por safra, além de álcool em solo lemense.
O que é inegável, é que a chegada dos imigrantes, mão de obra muitíssimo mais
desenvolvida que a dos escravos, trouxe incrível progresso não apenas para a fazenda,
mas para toda a região. Os colonos abriram na fazenda oficinas de ferreiro, de
carpintaria, marcenaria, faziam selas e rapidamente a fazenda substituiu o carro de boi
com rodas presas ao eixo, pelo carro de rodas girando sobre o eixo, mais leve, eficiente
e rápido.

Foram esses colonos igualmente que, segundo André Rebouças, construíram em 1847
o primeiro arado de fabricação nacional. Que anteriormente se usava arado, pode se
depreender das Cartas de Sesmarias, especificamente de 1817, em que uma das

obrigações que eram impostas aos sesmeiros (...será obrigado o sesmeiro a lavrar com
arado a cada ano, nas terras legitimamente lhe pertencer...).


Além de muita vontade de trabalhar nas lavouras, principalmente de café, os colonos
trouxeram na sua bagagem parte de sua cultura, mitos e festas.
Uma delas, a do carnaval de máscaras, que começou no início do século 20, com os
primeiros imigrantes italianos e alemães que chegaram a Leme. Inspirada nos
seculares carnavais europeus, resistiu bravamente e ainda hoje é mantida pelos
moradores da “colônia” de Cresciumal, como eram chamados os núcleos de casas dos
trabalhadores nas antigas fazendas.


Embora não existam registros e documentos oficiais, sabe-se que o carnaval de
mascaras tem pelo menos 100 anos e, que já atravessaram quatro gerações, segundo
Geraldo Petruz nascido na fazenda em 1925, descendente de italianos e morador na
fazenda até hoje, registrando que no inicio a confecção das mascaras eram feitas de
uma forma bem artesanal que cobriam apenas o rosto dos foliões com uma folha
grossa de papel, as folhas de papel dos calendários da época. Posteriormente
passaram a utilizar a técnica da moldagem em argila. Esse trabalho era realizado em
um salão reservado só para os “ mascreros” onde não era permitido a entrada de
pessoas que não participassem da festa e das crianças que moravam na fazenda.
Tradicionalmente a família não participava nas confecções, e o segredo era mantido
até o dia da festa. As festas ocorriam sempre aos domingos e nas terças feiras de
carnaval, mas, ao longo do tempo a festa passou a ser realizada somente às terças
feiras no período da tarde. Uma das poucas interrupções da tradição aconteceu no ano
de 2006, alguns anos após a venda da Usina para uma empresa estrangeira.


Cinco anos depois, no ano de 2011, os moradores sentiram necessidade de retomar a
antiga paixão e, assim, renasceu a peculiar folia dos monstros da Fazenda Cresciumal,
que acontecia no pátio da colônia, sempre aberta ao público, na terça feira último dia
de Carnaval. Com o apoio da Secretaria da Cultura, na pessoa do secretario Marcel
Arle, do prefeito Wagão, da família Souza Queiroz, na pessoa do Sr. Jose Roberto
Tahan, dos organizadores Hélcio Roberto de Rezende, Celso Doniseti Muniz de
Rezende, e Antonio Carlos Pistarini, a festa foi realizada com força total, com a
apresentação e o desfile de 52 máscaras.


A tradição carnavalesca passou a ser preservada em Leme, conjugando monstros,
palhaços e fantasias elaboradas, feitas com materiais reciclados, criatividade e
consciência ecológica.


Os 100 anos do costume “abrasileiraram” tanto os moradores quanto a tradição das
máscaras, que ganhou contornos distintos da festa trazida da Europa. As fantasias
ganharam novos elementos e o Carnaval virou uma festa coreográfica de monstros e
palhaços. A explicação da inusitada mistura é mais simples do que parece, afirma José
Kilian, filho de alemães e italianos e participante da organização da folia há mais de 40
anos: “Inicialmente eram só máscaras de palhaço, mais tradicionais. Pouco a pouco,
apareceram figuras de animais. E dos animais, surgiram os monstros inspirados nos
gibis (revistas em quadrinhos), os programas de televisão e os vídeos games, conta o
ex-morador da Fazenda Cresciumal.

Durante a festa, dois grupos de personagens – os palhaços e os monstros – têm
funções diferentes e “invertidas”: aos monstros cabe dançar e cair na folia, exibindo
sua feiura (e beleza) num desfile de horrores que chama a atenção pela precisão, pela
criatividade e pelo realismo. Já aos palhaços cabe a função de aterrorizar os foliões,
provocar correrias e assustar crianças, jovens e adultos, que correm para não levar
uma bexigada nas costas – bexigas de boi infladas, arremessadas com força ,outra
tradição dos imigrantes. Mais tarde as bexigas foram substituídas por bolas plásticas
siliconizadas.


Outro aspecto importante na festa é seu caráter ecológico. Após a moldagem na argila
é aplicada uma cobertura com papel de sacos de cimento ou cal, conhecido como
papel “Marchê”, usando farinha de trigo misturada com agua para fazer a colagem.
Após a secagem e retirada do molde vem a parte da pintura, usualmente utilizando
carvão e urucum que era conhecido como colorau. Finalizavam, para o acabamento,
com matérias como sementes, folhas, flores, casca de arvores, sucatas, massa biscuit,
corda de sisal, palhas, sacos plásticos, entre outros.
Embora já comecem a surgir fantasias feitas de fibra de vidro, que confere maior
resistência e durabilidade, o costume de reciclar os materiais e usar com criatividade
surrealista ainda permanece.


Com o intuito de manter e preservar a tradição, no ano seguinte em 2012, o secretario
da cultura Marcel Arle e o então prefeito Sérgio Luiz Dellai, o Lema, assumiram um
novo desafio: Incluir as festividades das mascaras no Carnaval oficial da cidade de
Leme. Devido ao grande sucesso foi dado continuidade pela administração municipal
até o ano de 2017 que, com alguns ajustes e maior participação do município e da
iniciativa privada a repercussão chegou ao Ministério do Turismo, sendo incluído no
vídeo oficial do organismo, matéria televisiva no Jornal Nacional e no patrimônio
imaterial do município de Leme.


Assim, mais do que a alegria de brincar, a folia dos monstros de Leme transmite a
mensagem de que para preservar a tradição e a natureza é preciso reciclar também as
ideias.


Vale, ainda, registrar as famílias que sempre organizaram, participaram e apoiaram os
foliões entre: Palhaços Bichigueiros, Pintor, Barrigudo, Fantasma, Linguiceiro, Lateiros,
O Boi, Toureiro, Vaquinha, Burrinho, Mascate, Nega Maluca, Índios, e Palheiros,
principais personagens da festividade: Abreu, Alvares ,Amador, Arle, Avanço, Bacarin,
Barbieri, Benedine, Bernardinelli, Bezerra, Bigarelli, Binotto, Boi, Bonfain, Bonfogo,
Bonfanti, Borin, Bosqueiro, Brambila, Bulle, Campos, Candido, Caneblay, Carmelindo,
Casteloni, Cazella, Cazella, Cheffer, Chinelli, Coelho, Colombo, Correia, Costenaro,
Daniel, Dias, Donatelli, Dopp, Dorta, Familia Souza Queiroz, Fazzanaro, Fernandes,
Ferrari, Gagliane, Gallo, Garcia, Giassi, Gizotti, Gizotti, Godoy, Guide, Gutzlass,
Hencklein, Januário, Jorge, Kawamura, Kilian, Lagassi, Lançoni, Landezack, Landgraff,
Leira, Leveghin, Lima, Lopes, Lourenzeti, Madella, Mantoan, Marcatte, Margonar,
Mariano, Massão, Massucato, Mathias, Mellari, Mineiro, Monteiro, Moraes, Morente,
Nicolau, Oliveira, Ossuna, Pereira, Petruz, Pimenta, Pires, Pistarini, Poço, Pommer,
Ramos, Ravenna, Regazzo,, Rezende, Rocha,Rodrigues, Rompato, Rosalino, Sacilotte,

Saes, Santoro, Sbarai, Serra, Sette, Silva, Simarelli, Sorato, Souza, Tenca, Tost,
Trombine, Valieri,Valencio, Vicençotti, Zago, Zorzenon, Zucheratto.

Fonte: Museu Histórico e Biblioteca Publica do Município de Leme; Souza Queiroz “Dicionário de
Família”, autor: Luiz Roberto de Souza Queiroz, Editora de Direito, ano 2003; João Correia Filho/ Revista
Planeta; Hélcio Rezende; Celso Viola; Ruy Sodré/Assessor-Secretaria de Cultura e Turismo do Município
de Leme; Jornal “A Noticia”.

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